Livros da minha infância

Desde muito cedo eu comecei a gostar de ler. Meus pais eram leitores e compravam-me muitos livros além de nos levar muitas vezes, a mim e a meu irmão, a livrarias como programa de fim de semana. Eu adorava!

RECORDAR É VIVER…

Nasci em 77, por isso comecei a ler na década de 80. Para matar as saudades, segue a lista de alguns alguns livros que marcaram a minha infância e que eu lia e relia e relia de novo e mais uma vez (procurei achar as capas das edições dos livros que eu tinha…). Quem quiser matar a saudades também e reler os livros ou oferecer para alguma criança, abaixo de cada título tem o preço e uma livraria onde pode encontrá-lo:

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desenho-sem-tituloO meu preferido era A Fada que tinha Ideias, da Fernanda Lopes de Almeida: conta a história de uma fadinha, a Clara Luz, que vivia tendo ideias muito inventivas e por isso criava a maior confusão no céu deixando a sua mãe maluca.

– Mas minha filha – dizia a Fada-Mãe – todas as fadas sempre aprenderam por esse livro. Por que só você não quer aprender?
– Não é preguiça, não, mamãe. É que não gosto de mundo parado.
– Mundo parado?
– É. Quando alguém inventa alguma coisa, o mundo anda. Quando ninguém inventa nada, o mundo fica parado. Nunca reparou?

Conversa de Clara-Luz e sua mãe em A Fada que Tinha Ideias.

Fui muito fã de uma coleção que chama Enrola e Desenrola, alguém se lembra? Incrível, eram vários livros em um porque ao final de cada página você podia decidir qual caminho seguir entre duas opções (exemplo: se você quiser que o personagem entre na porta, vá para a página x, se quiser que ele volte e procure outra porta, vá para a página y). Amazing! Os livros da série Eu, Detetive, da Stella Carr, também tinham uma estrutura que nos incentivava a desvendar mistérios, podendo ler os livros fora de ordem. Era o princípio da interatividade.

escolha

  • Coleção Enrola Desenrola: infelizmente, sumiu do mercado 😦
  • Eu, Detetive: 46,00 na Livraria Cultura

Ziraldo! Todos, qualquer um, quantas vezes puder. Ele continua sendo o grande mestre de menino-maluquinho-1gerações e gerações de crianças. Vale destacar O Menino Maluquinhopor ser um ícone, mas também era muito fã do FLICTS que contava a história de uma cor estranha que ninguém conhecia e dos inesquecíveis O Bichinho da Maçã, O Joelho Juvenal, Os Dez Amigos, A Turma do Pererê…

Fazia muuuuuito tempo que não lembrava desse livro: A Árvore que dava dinheirodo Domingos Pellegrini. Apesar de também ser da Coleção Vagalume, decidi apresentar separado e vou colocar o resumo aqui embaixo porque o livro é uma alegoria maravilhosa sobre os aspectos maléficos do consumismo:

Os habitantes de Felicidade vivem com invejável tranquilidade até o momento em que um velho avarento deixa uma herança inesperada: uma árvore que dá dinheiro. Ora, a euforia consumista que se espalha pela cidade logo se transforma em depressão: as notas, tão perfeitas, tão novinhas, se esfarelam completamente quando alguém as leva para além da fronteira do município. Mas não leva muito tempo até a televisão e os jornais descobrirem essa árvore prodigiosa, fazendo com que a cidade voltasse a se encher de dinheiro, mas dinheiro de verdade, dinheiro que não se esfarela: as notas graúdas trazidas pela profusão de turistas ansiosos por rasgar e queimar dinheiro em Felicidade. Acontece, contudo que, mais uma vez, aquilo que parecia uma bênção se revela uma maldição: as árvores param de dar dinheiro e os turistas abandonam a cidade, deixando-a endividada e poluída, sofrendo os efeitos desastrosos dos investimentos econômicos exagerados, das enchentes e da erosão. Apenas algum tempo depois, algo volta a nascer das malfadadas árvores: não notas de dinheiro, mas frutos, deliciosos e suculentos, que ensinam àquela população cansada de tantos reveses a possibilidade de saborear coisas simples.

  • A Árvore que dava dinheiro: R$ 24,90 na Saraiva

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Bolsa Amarelade Lygia Bojunga, fala de uma menina que reprime três grandes vontades (que ela esconde numa bolsa amarela) – a vontade de ser gente grande, a de ter nascido menino e a de se tornar escritora. É demais!

   Eu tenho que achar um lugar pra esconder as minhas vontades. Não digo vontade magra, pequenininha, que nem tomar sorvete a toda hora, dar sumiço da aula de matemática, comprar um sapato novo que eu não aguento mais o meu. Vontade assim todo o mundo pode ver, não tô ligando a mínima. Mas as outras – as três que de repente vão crescendo e engordando toda a vida – ah – essas eu não quero mais mostrar. De jeito nenhum. Nem sei qual das três me enrola mais. Às vezes acho que é a vontade de crescer de uma vez e deixar de ser criança. Outra hora acho que é a vontade de ter nascido garoto em vez de menina. Mas hoje tô achando que é a vontade de escrever.

Os livros de mistério do Marcos Rey, como o Mistério do Cinco Estrelas ou o Rapto do Garoto de Ouro (que antes de ler, eu achava que era mesmo um menino feito de ouro), causavam furor no recreio com spoilers e exibicionismo de quem conseguia adivinhar o final. Estes dois livros, juntamente com Xisto no Espaço e O Escaravelho do Diabo, da Lucia Machado de Almeida, estão representando todos os livros da Coleção Vagalume, que também tinha na coleção A Ilha Perdida, a Turma da Ria Quinze e mais 63 títulos. Xisto no Espaço é uma introdução às histórias de ficção científica passada no espaço e o Escaravelho do Diabo é um história de crime e suspense num estilo Agatha Christie.

Depois de ler os livros do Carlos Marinho, todo mundo queria ter uma turma de amigos como a Turma do Gordo. Meus preferidos (e acho que o da maioria das pessoas) eram O Gênio do Crimesobre contrafação no mercado de figurinhas (genial), e Sangue Fresco, provavelmente o primeiro livro em que entramos em contato com um assassinato a sangue frio.

A Droga da Obediênciade Pedro Bandeira, e De Repente da Certo, sobre uma menina adolescente e sua relação com a separação dos pais, da Ruth Rocha: me achava super adulta quando li esses livros que tratavam de assuntos “mais sérios”.

Minha mãe e o Alfredo estavam impossíveis, ficavam se olhando com cara de bobos o tempo todo e de repente eu tive um palpite ‘esses dois vão se casar’ e eu não achei graça nenhuma.

De Repente Da Certo

Poliana e Poliana Moça, da Eleanor H. Porter, foram tão importantes na minha vida que até hoje sou hiper otimista acho que, também, por causa do Jogo do Contente da querida Poliana. Amo Amo Amo.

– O jogo (do contente) é exatamente encontrar, em tudo, alguma coisa para ficar contente, não importa o quê – respondeu Pollyanna com ar sério. – E começamos com as muletas.

– Eu não vejo nada para ficar contente. Receber um par de muletas quando queria uma boneca!

Pollyanna bateu palmas.

– É isso – gritou ela – eu também não percebi logo e papai teve que me explicar.

– Pois então me explique – retorquiu Nancy, impaciente.

– Pois o jogo consiste em ficar contente porque não precisamos delas! – exclamou Pollyanna,

triunfante. – Veja como é fácil quando se sabe

Monteiro Lobato  e todos os seus livros foram tão tão tão presentes na minha infância que as vezes achava que ia encontrar seus personagens por aí. Adorava essa introdução a um universo fantástico tão próximo da nossa realidade.

  • Reinações de Narizinho: R$ 31,92 na Saraiva

Pedrinho Esqueleto, Stella Carr: Uma turma cabula aula e vai ao laboratório de física. Mexe nos aparelhos e Pedrinho acaba por se transformar no primeiro esqueleto manco e luminoso do mundo – tão estranho pensar que nos incentivavam a ler um livro com essa história! Maravilhosa e divertida.

O Menino do Dedo Verde, de Maurice Druon – não sei  porque, mas essa historia me marcou. Sonhava em ter esse poder de fazer as plantas crescerem pelo toque meu dedo (o que, na verdade, acontece exatamente o contrário. Tenho jeitinho nenhum com as plantas…). Livro super pra frentex:  trata de questões relacionadas com os conceitos de convívio social, ética, cidadania e ecologia.

  • O Menino do Dedo Verde: R$ 24,63 no Submarino

uma-historia-por-dia-disney-4-livros-raros-coleco-completa_mlb-f-217104495_2090Uma História Por Dia – Primavera, Outono, Inverno e Verão, da Disney – eu AMAVA essa coleção. 4 livros de caopa dura com uma historinha curta por dia com os personagens da Disney. Obviamente, lia um livro por dia, mas não me importava de repetir, fazendo sorteios aleatórios de páginas. Infelizmente, não o encontrei para venda.

Maneco Caneco Chapéu de Funil, de Luis Camargo, conta uma história deliciosa de vários objetos sem uso que se juntam para partir numa aventura. Muito fofo!

  • Maneco Caneco Chapéu de Funil: R$ 29,20 na Saraiva

Uxa, Ora Fada Ora Bruxa, da Sylvia Orthof, Ela é uma bruxa que não vive só de maldades: tem momentos de doçura e gentileza, como todo ser humano.

Sapo Vira Rei Vira Sapo, Ruth Rocha. Na minha época essa história, da coleção TABA, vinha com disquinho de música junto. Uma graça!

  • Sapo vira rei vira sapo (sem disco): R$33,40 na Saraiva

E nem comecei a falar dos Quadrinhos…. Mafalda, Lucky Luke, Asterix, Garfield, Calvin, Turma da Mônica, da Luluzinha e do Bolinha, da Disney….

>>E aí? Lembra de algum livro que marcou sua infância?! Deixe a dica nos comentários!

11 comentários sobre “Livros da minha infância

    1. Por acaso, reparei nisso quando morei em Portugal: não há muito intercâmbio de livros infanto-juvenis no mundo, a não ser de grandes clássicos com Nárnia. Quando filhos e filhas de amigos meus faziam aniversário, queria presentear com historias que foram importantes pra mim na infância e não encontrava. Mas vou fazer uma busca mais detalhada e se achar algum aviso. Mas, lanço o desafio ao Portugueses: comentem com os livros que marcaram a infância de vocês e monto uma página,

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  1. Meu Deus, A Bolsa Amarela 😍😍😍😍
    Lembro desse livro, que história incrível! Vou procurar pra comprar com certeza! rs

    Polyana e Polyana Moça eu comprei bum sebo, em edições antigas. Estão aqui, lindos na minha estante! ❤

    É lindo demais recordar a nossa infância! 😍😍😍

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  2. Sofia Vieira Lopes

    Re, um dos livros que me marcou muito foi-me oferecido quando fiz 10 anos: O meu pé de laranja lima, de José Mauro de Vasconcelos. Chorei imenso no final e, não contente com isso, recomecei a ler de imediato… Chorei ainda mais, claro! Já era amiga íntima do Zeze!!!!! Depois disso, já o li várias vezes, mas há muito tempo que não o leio!

    Existem outros que me marcaram, mas lembrei-me imediatamente deste depois de ler o teu Post!
    Vou fazer uma lista para fazeres uma publicação! (Infelizmente tenho todos os meus livros de infância encaixotados)…

    Beijinhos

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  3. Sofia Vieira Lopes

    (pensava que o meu comentário tinha sido postado na 6ª feira) =(

    Entre muitos outros livros que me acompanham, há um que ainda ocupa o lugar cimeiro…

    Foi-me oferecido no meu 9.º ou 10.º aniversário.
    Li a primeira vez, no final, fartei-me de chorar e, não contente com isto, logo de seguida recomecei a ler. Inevitavelmente, no final, voltei a chorar… ainda mais… (Ainda me lembro onde, numas férias de verão na praia…)
    Passei alguns anos sem lhe pegar e voltei a ler novamente e novamente voltei a chorar como uma perdida. Agora, infelizmente encaixotado, já não o leio há imensos anos, mas continuo a recordar os pormenores…
    Já era amiga íntima do Zeze… Quando…

    Um dos livros que mais me marcou foi escrito precisamente no Brasil: O meu pé de laranja lima, de José Mauro de Vasconcelos

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  4. Sofia Vieira Lopes

    Ahahah… Eu entendo tanto disto que afinal sempre tinha clicado em publicar na 6ª feira… Sorry… Ontem como não tinha vontade de trabalhar, acabei por sacar o livro da net e passar a noite a lê-lo!
    Beijinhosss

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  5. Amei o post! 👏Li a maioria desses livros durante a minha infância/adolescência. Eu também me senti mais madura, na época, lendo “De repente dá certo”. Recomendo o site da fundação Lygia Bojunga, que é maravilhosa, se você tiver interesse em relembrar outras obras dela. 😉👍http://www.casalygiabojunga.com.br/pt/afundacao.html

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  6. Beta

    também adorava esses livros. lembro muito dos do carlos marinho. acabei de comprar o menino do dedo verde para reler.

    você por acaso leu/se lembra de um livro sobre uma menina num colégio interno? acho que a capa era azul, uma cena vista de cima da menina correndo nos halls da escola. eu lembro que me marcou mas não consigo me lembrar de mais nenhum detalhe e há anos procuro e não consigo achar. eu acho que a autora não era brasileira.

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    1. É demais, né! Morro de vontade de reler alguns. Provavelmente vou perceber alguma influência deles na pessoa que sou hoje. Quanto ao livro, não consigo me lembrar. Fui até pesquisar. Se encontrar, me avisa. Vou me perguntar pro meu irmão que tem memória de elefante.

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